O evento que iniciou na quinta, 08 de outubro, aborda temas relevantes para o setor.
No primeiro painel da tarde de ontem o economista da Ufrgs Antônio Carlos Fraquelli abordou os Cenários Econômicos, e dividiu sua apresentação em um contexto internacional e a situação brasileira, analisando a conjuntura econômica nos dois cenários. Fraquelli discorreu sobre as realidades vividas desde a década de 80 e traçou um comparativo com a situação atual. Tratou ainda sobre o Acordo de Associação Transpacífico e qual o impacto dele para a economia brasileira. Sobre a situação atual de nossa economia, o economista disse que “temos tudo para avançar, mas essa possibilidade passa por uma questão política”, ao analisar a hipótese de impeachment e as polêmicas em torno das saídas para a crise que vivemos.
O painel foi coordenado pelo presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius e teve como debatedores o presidente da Fecoagro/RS, Paulo Pires; da Fecoergs, Jânio Stefanello e o CEO do Banco Cooperativo Sicredi, Edson Georges Nassar. O executivo do Sicredi disse em sua participação que mesmo em momentos de crise temos que ser protagonistas da situação, pois um líder precisa chegar em sua cooperativa e dizer aos seus liderados o que fazer e com o agir.
Como receita para o enfrentamento ao momento adverso em que o país vive, Nassar disse que é preciso ajustar os controles, focar no planejamento e deixar os processos mais enxutos. Especificamente sobre o Banco Cooperativo Sicredi, ressaltou o permanente investimento em qualificação do quadro funcional e a necessidade de estar mais próximo ao associado. “Nossa aposta é no cooperativismo em si. Não temos que olhar os 2,7% do que representamos no mercado financeiro nacional, mas sim ficar nos 97,3% que podemos crescer”, finalizou.
Sucessão Familiar e Empresarial
A segunda palestra do primeiro dia do evento tratou do tema Sucessão Familiar e Empresarial, com o professor de Direito da PUC/RS, Alexandre Pasqualini, sob a coordenação do presidente da Uniodonto Federação e diretor técnico sindical da Ocergs, Irno Pretto.
Pasqualini dividiu sua apresentação em três momentos, enfatizando a transferência de patrimônios na sucessão familiar e empresarial, a importância da família e as boas práticas de sucessão. O professor de Direito da PUC/RS destacou a ineficiência da maior parte de transferência de patrimônios. “Estudos mostram que 70% das transferências de patrimônio fracassam, isto é, sete a cada dez sucessões entregam à geração seguinte menos patrimônio”, explica Pasqualini. Segundo o palestrante, isso significa desperdício, descontinuidade, a cada geração uma parte apreciável do esforço fica para trás.
Do ponto de vista da família, Pasqualini conceitua patrimônio como o espaço da nossa liberdade, não uma liberdade individual, mas uma liberdade intra e inter geracional. “A pior maneira de pensar em si mesmo é pensar apenas e tão somente em si mesmo”, alerta.
O professor de Direito e teórico ressalta a importância e a sobreposição da família diante da transferência de patrimônios e classifica isto como a premissa básica para o sucesso no processo de sucessão familiar. “Mais importante que o patrimônio é a família”, complementa Pasqualini. Ele explica que o tripé tributação ou diminuição do impacto tributário, blindagem ou preservação do patrimônio e governança não resolve por si só os problemas da sucessão familiar, porque antes de ser um problema de origem econômica, é um problema familiar. “A família vem antes do econômico. É a variável mais importante para a felicidade das pessoas”, ressalta.
Pasqualini explanou sobre boas práticas de sucessão familiar e chamou atenção para uma situação que ocorre com frequência nos ambientes familiares. “O grande difusor entre o sucesso e o fracasso é o envolvimento total da família. Pensar no futuro da família envolve pais e filhos, pois decisões unilaterais costumam falhar e o saldo costumam ser brigas e rupturas traumáticas”, explica o palestrante. Como desdobramento dessa primeira prática, Pasqualini ressalta a necessidade de desenvolvimento da confiança, através da participação ativa e constante, com o uso do diálogo em família.
De acordo com o palestrante, a taxa de confiança no Brasil é de 9%. “Essa síndrome da desconfiança também deixa suas digitais na família”, afirma. Pasqualini citou que 60% das transferências de patrimônio fracassaram por falhas na transição, falta de comunicação e diálogo. O diálogo é a chave para gerar e desenvolver a confiança. “Os bons consensos são feitos de muitos dissensos. Acordos são feitos de muitos desacordos. Na família, o principal hábito é o diálogo. Se há uma tradição que temos que criar na família é o diálogo", complementa.
Por fim, Pasqualini menciona a criação de um conselho familiar como a terceira boa prática para a sucessão. Esse conselho tem um duplo objetivo, não só de nele criar o ambiente que a família necessita criar para fixar os seus valores, mas também onde possa criar um exemplo, que ele chama de pedagogia do exemplo. “O exemplo não necessita nada além de si mesmo, ele é a prática na prática. Núcleo essencial da tradição são os exemplos. É a pedagogia do exemplo que gera e dá forças para os valores da família”, conclui.
Impacto econômico e social das cooperativas agropecuárias do RS
A palestra de encerramento do primeiro dia do Epecoop contou com a apresentação da graduada Paola Richter Londero (USP) e a participação do seu professor orientador, Sigismundo Bialoskorski Neto (USP), sob a coordenação do presidente da Fecoagro/RS, Paulo Pires. O tema da palestra foi a demonstração do valor adicionado como instrumento de evidenciação do impacto econômico e social das cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul.
A programação segue nessa sexta-feira (9/10), na parte da manhã, com os painéis Modelos de Gestão em Cooperativas e Liderança e Gestão. O evento encerra às 12h com almoço de confraternização.
Assessoria com informações da SESCOOP RS